64,5 milhões de brasileiros navegam na internet
Há mais gente imersa nas possibilidades do mundo online do que captam as atuais pesquisas referendadas pelo mercado. Essa é uma das conclusões do rastreamento de hábitos e usos da internet patrocinado pela agência de publicidade F/Nazca Saatchi & Saatchi. Os internautas no País somam 64,5 milhões, não os 41,6 milhões apontados pelo Ibope/NetRatings.
A divergência deve-se à metodologia. O Ibope recorre a uma referência global de apuração por meio de entrevistas via telefone fixo. "No caso brasileiro é insuficiente porque a telefonia se expandiu com o uso do telefone móvel", explica Fernand Alphen, diretor de Planejamento da F/Nazca.
O novo dado pode ajudar as empresas a mudar as estratégias de comunicação, na avaliação de Alphen. "De dez anos para cá, estamos trabalhando num cenário de areia movediça com o avanço das novas mídias. É cada vez mais difícil saber como pegar o comprador com nossas mensagens."
Mais do que isso, o consumidor que emerge do universo digital é mais participativo. Entre outras razões, porque é estimulado pela facilidade de acesso a fóruns de debates, redes sociais, salas de conversas e até a votações em rankings de classificação de produtos e serviços.
VIDA ONLINE
No levantamento feito sob encomenda para o Instituto DataFolha, que entrevistou na rua mais de três mil pessoas residentes em 172 municípios do País, constatou-se que 53% dos usuários da internet já incluíram algum conteúdo na rede, como fotos, textos ou vídeos. Outros 26% publicaram opiniões sobre algum assunto e 20% fizeram reclamações de empresas.
O executivo Gabriel Egydio, que não se define um "rato de computador", mas usa os recursos da rede online para simplificar seu dia-a-dia, conta que foi graças à internet que obteve o melhor desfecho para um problema no carro que comprou para a mulher. "A montadora empurrou o conserto em todas as revisões. Resolvi pesquisar na rede e descobri que o defeito do câmbio era recorrente na safra de veículos daquele ano e modelo. Munido desses argumentos, fiz a companhia consertar o carro, sem ônus."
A crescente influência do meio online na vida das pessoas requer mudança do modelo de ações de marketing. A pesquisa aponta, por exemplo, que 48% dos usuários da internet levam em consideração a opinião de outros internautas antes de uma compra.
Por isso, empresas como a Petrobras criaram área específica para acompanhar o que dizem a seu respeito no universo online. "As redes sociais são hoje em dia relevantes e tiram do nosso controle a dinâmica do processo de comunicação", avalia a gerente de Multimeios da empresa, Patrícia Fraga. "A nossa equipe acompanha sites, como You-Tube, Facebook, Orkut, entre outros, para ver como as notícias da companhia repercutem. Ficamos atentos para qualquer ação de neutralização em caso de críticas ou notas negativas", enfatiza ela.
PARTICIPAÇÃO
O espaço da internet, por sua natureza, convida ao debate. Logo, se o consumidor pode falar o que quiser, as empresas também podem se expressar. E, considerando o acirrado ambiente de concorrência entre elas, a rede também pode virar um local para se disseminar informações de uns contra os outros, como reconhece Leandro Ramiro, gerente da empresa de artigos esportivos Penalty.
Todas as possibilidades têm que ser levadas em consideração, como admite Ramiro, que contratou a agência de serviços online BG Interativa, do Grupo Total, para monitorar conversas até mesmo nos blogs. "O cuidado é que o ambiente online é sensível à intromissão", diz ele. "Por isso, as ações devem ter cuidado redobrado para não sugerir manipulação, o que pode ser ainda mais prejudicial à marca", destaca ele. Uma das constatações recorrentes entre os que observam a evolução da internet é a presença desse canal entre todas as faixas etárias, embora os jovens sejam mais habituais.
Cinqüentona, a artista plástica Pinky Wainer ficou tão viciada no meio que, além das compras que faz nos quatro cantos do mundo para a sua loja dedicada a objetos arte, usa a rede para baixar imagens com as quais desenha com a neta. "O grande segredo desse negócio é a associação livre de idéias. Basta pôr qualquer palavra em um site de busca que se vai encadeando uma idéia na outra e eu, por exemplo, acabo comprando um livro em um sebo na Finlândia", brinca.
Fonte: Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 1 dez. 2008, Primeiro Caderno, p. A-6.
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